
O Japão tem uma das populações mais longevas do mundo, com expectativa de vida de 84 anos. E muitos idosos continuam ativos até o fim de suas vidas. Seja praticando algum esporte, atuando na comunidade onde moram, se envolvendo com literatura, teatro, fotografia ou outras formas de arte, trabalhando, mantendo relacionamentos positivos.
De acordo com o a Secretaria do Gabinete, o número de pessoas com 65 anos ou mais supera os 35 milhões, o equivalente a 28%. Nesse grupo, 70% das pessoas entre 60 e 69 anos e 50% com mais de 70 anos têm algum tipo de atividade, seja trabalho, voluntariado, hobby ou atuam na comunidade onde vivem. Os dados são do mais recente Relatório Anual sobre Envelhecimento da Sociedade, publicado em 2019.
Mas qual a relação da longevidade com a Felicidade? É o que vamos explorar neste artigo.
Índices de Felicidade
Além de ter uma alta expectativa de vida, o Japão está entre os 20 países com maior Índice de Desenvolvimento Humano. Este mecanismo foi criado pela ONU para avaliar fatores importantes, como saúde, educação e economia. A título de comparação, o Brasil ficou em 84º na edição 2020, com expectativa de vida de 76 anos.

No entanto, nem tudo são flores. O país nipônico não figura nas primeiras posições do Relatório Mundial de Felicidade e uma grande parcela da população ativa economicamente já chegou à exaustão em algum ponto. Na edição de 2020 do ranking também desenvolvido pela ONU, o Japão ocupou a 62ª posição, o que significou uma queda de 4 posição em relação ao ano anterior. (Leia mais sobre o relatório neste artigo do blog).
Já no Global Happiness 2020, o Japão ganhou algumas posições, subindo de 23º para 19º colocado. O ranking é realizado anualmente pelo Instituto Ipsos. (Leia mais sobre a pesquisa neste artigo do blog).
Em termos de ranking de Felicidade, o Brasil está em vantagem, ocupando a 32ª posição no primeiro e a 14ª, no segundo. Mas então, o que o Japão tem a nos ensinar sobre Felicidade? Será que a milenar sabedoria oriental tem algo para aplicarmos em nossas vidas e na busca por Felicidade? A resposta é sim!
Milenar sabedoria oriental
Se você é fã de “Karatê Kid”, já deve ter ouvido falar em Okinawa. É de lá que vem o “Sr. Miyagi”. Pois esta ilha tem o maior índice de centenários do mundo, muito superior à média mundial. E não é só isso. Seus moradores se mostram felizes, satisfeitos, com uma trajetória regida pela alegria.
Alimentação equilibrada, rica em frutas, vegetais e sem comer em exagero, vida simples, bons amigos, contato com a natureza e atividades físicas leves são alguns dos segredos dessa população. E tem ainda um tal de Ikigai. Já ouviu falar?
Para desvendar esse conceito, Héctor Garcia (que já foi engenheiro elétrico do CERN e hoje é escritor) e Francesc Miralles (autor premiado, editor, tradutor e ghost writer) rumaram para Okinawa, mais especificamente a Ogimi (ao norte da ilha, onde vive um povoado com o maior índice de longevidade do planeta) e viram de perto o famoso Ikigai. Como resultado, lançaram o livro homônimo, com os segredos para uma vida longa e feliz.
Ikigai
Se formos analisar a morfologia da palavra, ela é composta por 4 ideogramas: 生き甲斐. Os dois primeiros significam vida e os dois últimos, valor, valer a pena. O conceito de Ikigai está relacionado à razão de ser, a se manter ocupado, a ter um propósito, a ter atividades que fazem sentido e dão significado à vida, àquilo que nos faz levantar pela manhã. É a alegria de viver. É algo que todas as pessoas têm, mas nem todas o encontram. Para isso, é preciso um exercício de paciência e de autoconhecimento.

Ter uma vida social, praticar algum esporte, fazer atividades recreativas, como caligrafia, jardinagem, costura, pintura, dança, tocar um instrumento e outras, fazer voluntariado, se envolver com a comunidade, se conectar com a natureza. Seja qual for a ocupação, o importante é ter algo que os faça seguir em frente.
Cabe aqui ressaltar que o Relatório Anual sobre Envelhecimento da Sociedade, citado no início do texto, indica não apenas a longevidade da população japonesa, como também uma habilidade cognitiva mais elevada nos idosos. Esse fator pode estar ligado ao fato de se manterem ativos.
Os autores também identificaram nos moradores de Ogimi um senso de pertencimento. O trabalho em equipe e ajudar o próximo faz parte da cultura desses habitantes.
Se você não encontrou seu Ikigai, tente responder algumas perguntas como
O que você gosta de fazer?
O que você sabe fazer bem?
Do que o mundo precisa?
Por quais atividades você deveria ser pago?
Pense também, nas coisas que você não gosta ou não quer fazer. Ainda, lembre das suas aspirações quando criança. Quem você queria ser? Que atividades deixavam você feliz?

O legal do Ikigai é que você não precisa ter um só. Você pode (e deve) ter diferentes objetivos, fontes de prazer e coisas importantes na sua vida. Você pode querer correr uma maratona e, ao mesmo tempo, contribuir para melhorar a vida na sua comunidade, na sua cidade, no seu país ou no mundo com o seu trabalho. O importante é ter uma (ou várias) razão para viver.
E se, além da Felicidade, você busca a longevidade, procure manter essas atitudes no dia a dia:
- 1. Mantenha-se ativo
- 2. Tenha calma, evite o estresse, medite, durma bem
- 3. Tenha uma alimentação equilibrada e sem excessos
- 4. Cultive as boas amizades
- 5. Conecte-se com a natureza
- 6.Seja grato
- 7. Exercite-se
- 8. Não pense apenas no futuro, curta o momento
- 9. Olhe o lado bom de cada situação e aprenda com as dificuldades
- 10. Sorria
E então, gostou de saber um pouco mais sobre essa tradição milenar? Você já conhece seu Ikigai? Se ainda não o encontrou, está pronto para começar essa busca?
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