Espiritualidade e Felicidade

Foto: Mohamed Nohassi/Unsplash

Acreditar em algo transcendente, metafísico, em uma força do Universo, em algo ainda não plenamente desvendado e maior que nós. Ter a capacidade de acreditar, seja qual for a sua fé, religião ou filosofia de vida, pode nos munir de esperança, de força, de coragem.

Estudos atribuem à espiritualidade o fato de tornar as pessoas mais saudáveis, mais felizes e mais engajadas em suas comunidades. Mas pessoas espiritualizadas, que praticam alguma religião, com fé inabalável ou com crenças fortalecedoras estariam em melhor situação do que aquelas com espiritualidade menos desenvolvida? A espiritualidade é condição para sentir-se feliz? 

Neste artigo nós abordamos essas questões, analisando a relação entre espiritualidade e Felicidade.

Pessoas espiritualizadas são mais felizes?

Pesquisas apontam que sim. Debruçando-se sobre o tema, o Pew Research Center analisou dados sobre 26 países e os resultados apontam que, na maioria deles, pessoas ativamente espiritualizadas e/ou religiosas têm maior probabilidade de se autodeclararem “muito felizes”. 

Para analisar os dados, os pesquisadores dividiram os participantes do estudo em três categorias:

– “Religiosos ativos”, que se identificam com uma religião e frequentam uma igreja ou um templo pelo menos uma vez por semana

– “Religiosos inativos”, que se identificam com uma religião, mas raramente frequentam

– Não-religiosos, que não se identificam com nenhuma religião 

Os resultados revelaram também que a maioria dos “religiosos ativos” é envolvida com pelo menos uma organização voluntária, o que pode vir a influenciar positivamente seu nível individual de Felicidade. Essa relação entre generosidade e Felicidade é abordada em outro artigo aqui no blog. 

Religiosidade e autonomia 

Analisando a relação entre espiritualidade, religiosidade e Felicidade, um outro estudo, envolvendo mais de 40 mil pessoas de 43 diferentes nações, revela que essa relação pode depender fortemente do nível de estresse da sociedade em que você vive. Mais ainda, considerando-se que a autonomia das pessoas também pode influenciar seus níveis individuais de Felicidade, a pesquisa também avaliou o senso de liberdade pessoal, ou seja, o quanto os entrevistados sentiam-se livres para viver a vida como queriam. 

Foto: Oliver Pacas/Unsplash

Os resultados apontam que pessoas que se sentiam com mais autonomia tendiam a ser menos religiosas, ao passo que as pessoas que se declararam mais religiosas demonstravam valorizar menos a liberdade pessoal, não importando o país onde viviam. Ou seja, a relação entre religiosidade, autonomia pessoal e Felicidade variava em função de onde as pessoas viviam e das condições de vida em seu país. 

Em países economicamente mais desenvolvidos e democráticos, onde a liberdade pessoal era altamente valorizada, a religiosidade estava menos ligada à Felicidade. Por outro lado, em nações com menor desenvolvimento econômico, com uma sociedade mais conservadora e que valoriza o coletivismo, a autonomia pessoal estava menos associada à Felicidade.

Foto: Tim Mossholder/Unsplash

A associação entre espiritualidade, religiosidade e Felicidade não parece ser, portanto, aleatória, mas relacionada de alguma forma a quão rico e individualista ou pobre e coletivista é um país. Diferentes condições econômicas criam e mantêm crenças religiosas e orientações espirituais. Contudo, é inegável que a dimensão material contribui para a Felicidade e pessoas que vivem em um país seguro e rico tendem, em geral, a se autodeclararem mais felizes do que aquelas que vivem em países mais pobres.

Em países mais desenvolvidos economicamente, tanto pessoas espiritualizadas e ativamente religiosas, quanto os não-religiosos relatam níveis similares de Felicidade. Em algumas das nações mais felizes do mundo, como Dinamarca e Suécia por exemplo, que sempre pontuam bem no Relatório Mundial da Felicidade, não ser religioso não parece impedir as pessoas de aproveitar a vida.

Espiritualidade faz você mais feliz?

Foto: Chang Duong/Unsplash

Desde o início de 2020, o cotidiano das pessoas tem sido marcado por episódios de ansiedade e mesmo de depressão, que podem, no entanto, ser aliviados com momentos de espiritualidade. Seguir os protocolos sanitários de distanciamento social é importante nos tempos atuais, contudo um distanciamento mental também pode ajudar e muito. Momentos de espiritualidade por meio de uma rotina de meditação ajudam a acalmar os pensamentos acelerados que poderiam levar a uma espiral descendente. 

Além disso, pessoas espiritualizadas tendem a ser mais felizes, além de se sentirem menos deprimidas e menos ansiosas e de serem mais capazes de lidar melhor com as vicissitudes da vida. Muitas vezes, em lugar de buscar primariamente a solução de medicamentos antidepressivos, algumas práticas de espiritualidade envolvendo pensamentos de gratidão e de consciência de vida podem ser muito eficazes. 

A meditação pode ser uma excelente opção, como destacado pelo professor Cristian Zanon no nosso podcast no Spotify. São inegáveis os efeitos calmantes da respiração profunda e estável e do treinamento mental que vem com a meditação. Somente focar no momento presente em vez de se deixar levar por remorsos sobre o passado ou medos sobre o futuro. 

Foto: Ben White/Unsplash

Não é necessário ter um local definido, uma hora definida, uma posição definida. Apenas pare e acalme sua mente. Pense. Faça uma prece. Seja grato por sua vida, por seu corpo, por esse momento. É simples. Mesmo pequenas quantidades de treinamento de meditação podem auxiliar em episódios de ansiedade, de depressão e de dor.

Basta olhar a vida de um nível mais elevado, voltando-se mais à interioridade, delimitando suas preocupações e buscando forças e energias de outros aspectos da vida como a família, os relacionamentos ou a saúde. 

Uma percepção realista e humilde de si mesmo e o senso de espiritualidade são essenciais para a Felicidade. Como se fossem uma vacina eficaz contra o “vírus da infelicidade”, auxiliando a gerar um maior senso de propósito e de significado na vida e a superar períodos difíceis, como este que estamos passando. E que vai passar!

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