“Embora saibamos que após tal perda o
estado agudo de luto diminuirá,
também sabemos que permaneceremos
inconsoláveis e nunca encontraremos
um substituto. Não importa o que possa
preencher a lacuna, mesmo que seja
totalmente preenchida, ainda assim
permanece outra coisa. E na verdade
é assim que deve ser. É a única forma
de perpetuar aquele amor
que não queremos abandonar”
Freud

Desde o início da pandemia, as estatísticas de mortes diárias em nossa cidade, no Brasil, no mundo têm ocupado as notícias, as mídias sociais e as conversas. Os números são contados aos milhares e as pessoas que perderam seus parentes, amigos, colegas são contadas aos milhões.
O luto passou a fazer parte do cotidiano de muita gente, afetando sua motivação, seu humor, sua Felicidade. Algumas pessoas se perguntam como ser feliz, como fazer uma pausa e falar sobre Felicidade em momentos tão difíceis.
Pois bem, não tem como abrir mão da Felicidade, não importa o tamanho da dor e a intensidade do luto, já que são estados subjetivos que se complementam. Neste artigo, analisamos situações que parecem tão conflitantes, mas que estão relacionadas, envolvendo níveis de Felicidade em situações de luto.
Entendendo o luto
Muitas pessoas equiparam Felicidade à crença de que precisamos sentir alegria, contentamento e sentimentos edificantes o tempo todo. Livros de autoajuda discutem como pessoas otimistas, com experiências sempre positivas, são mais saudáveis e têm mais sucesso. Somos inundados com mensagens de como ser feliz (ou mais feliz).

Na verdade, não podemos ter alegria sem aceitar que a vida é cheia de perdas e, consequentemente, com os sentimentos de tristeza, raiva, confusão que surgirão de uma situação de luto. Mais cedo ou mais tarde, a maioria de nós sofre uma profunda tristeza pela morte de alguém que amamos. A experiência às vezes faz com que as pessoas questionem sua sanidade e muitos enlutados refletem, mesmo que apenas abstratamente, sobre a razão de sua vida.
Mas o luto não está necessariamente relacionado à morte. Existem tantas perdas pequenas (ou mesmo maiores) que todos enfrentamos no dia-a-dia e você pode até dizer que algumas delas são simplesmente uma decepção. Mas quem poderia dizer a outra pessoa o que é ou não significativo no seu mundo de perdas, especialmente se teve de enfrentar e lidar com perdas no passado?
O luto envolve alguma perda, mas também envolve o medo de uma perda futura e podemos acabar sofrendo por algo que nunca experimentamos, como perder um relacionamento afetuoso, o amor dos pais ou amizade de parceiros. Esse medo é normal, é humano, mas é complexo quando começa a se acumular.

De uma forma geral, as pessoas procuram evitar sentir-se tristes. Nossa cultura nos pressiona a colocar a tristeza de lado para que possamos ser produtivos. E como o luto é a tristeza e o pesar pela morte de um ente querido, tendemos a evitá-lo. A nossa cultura em que vivemos nos leva a fazer isso.
Muitos de nós colocamos um limite de tempo em nossa tristeza e, como os sentimentos são muito incômodos, os afastamos aos poucos. Amigos e familiares podem ficar mais atenciosos conosco por um período de tempo, mas, aos poucos, eles seguem naturalmente em frente. O foco passa a ser sobre o tempo que estamos levando para “sair dessa”.
Como não há um momento exato ou uma fórmula mágica, seguimos enfrentando os sentimentos que vêm com o luto, dizendo a nós mesmos que há algo errado. Às vezes, podemos até sentir um pouco de raiva ou frustração conosco mesmos. Praticamos o autojulgamento sobre como deveríamos nos sentir, ou não. Com o tempo, pode emergir um sentimento de culpa, fazendo-nos voltar cada vez mais para dentro de nós mesmos, distorcendo a nossa percepção de quem somos e dificultando a compreensão da leitura externa.
Portanto, nossa saúde mental e nossa Felicidade podem estar muito relacionadas sobre como lidamos com situações de luto, com as experiências do dia a dia e com os sentimentos desafiadores que podem surgir ao aceitar perdas em nossas vidas.
Como lidar com o luto

Situações de luto podem gerar forte ansiedade, grande dificuldade de seguir em frente, uma sensação de que a vida não tem sentido, além de amargura ou raiva pela perda. Lidar com o golpe mental e emocional de perder um ente querido está no topo da lista de etapas que uma pessoa precisa passar para se recuperar. São sentimentos experimentados e marcados por uma variável inexorável: o tempo.
Embora leve algum tempo para se recuperar de uma perda, isso não significa que alguém deva simplesmente sentar-se no canto de sua casa sozinho e sofrer. Em vez disso, é preciso estar perto de outras pessoas e buscar conhecimentos que possam ajudar a processar a perda.
Falar com outras pessoas sobre como você se sente e buscar conselhos bem informados é uma necessidade absoluta. Existe muita gente por aí que pode entender a perda de alguém. Afinal, a maioria das pessoas já experimentou a perda de um ente querido e, consequentemente, sabe quão profunda pode ser essa dor.

Além disso, trabalhar para encontrar momentos longe de sua dor também é essencial. Mudar a rotina, novos hobbies e praticar meditação são alternativas muito válidas para lidar com o luto. E, sobretudo, experimente a “alegria de ter vivido e não tristeza de ter perdido”. Seja grato.
Como já discutimos aqui no blog, a atitude de gratidão é importante para aumentar a proporção de pensamentos positivos em relação aos negativos. A Psicologia Positiva já sugere que podemos treinar o cérebro para aumentar a proporção de pensamentos e atitudes sobre Felicidade. Uma dessas estratégias é expressar gratidão a cada dia. Mesmo quando estamos experimentando uma situação de luto.
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Uma resposta para “Luto e Felicidade não são excludentes”
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