Sobre Felicidade… e chocolate

Confesso que preciso de sorrisos, abraços, chocolates,
bons filmes, paciência e coisas desse tipo” 

Caio Fernando Abreu
Foto: Andres Ayrton/Pexels.com

No dia 7 de julho foi celebrado o Dia Mundial do Chocolate. O Pausa Pra Felicidade marcou a data no Instagram com posts e uma tentadora receita, afinal, nem a gente resiste ao prazer de um bom chocolate. 

Para conhecer um pouco mais sobre essa iguaria, que tem sua origem em antigos povos do México, vamos explorar mais a fundo a relação do chocolate com a Felicidade e examinar suas características, seus efeitos fisiológicos e os benefícios para saúde que essa delícia produz. 

Do “xocoatl” às barras cremosas

A origem do chocolate remonta aos antigos povos maias e astecas do México, quando era uma bebida amarga (e não um doce comestível) reverenciada e usada em celebrações. Chamado de xocoatl, chegou a ser usado como moeda na cultura asteca, quando os grãos de cacau eram considerados mais valiosos que ouro. 

Em pouco tempo, o chocolate cruzou o Atlântico e a versão de consenso é a de que ele chegou à Europa pela Espanha. Já no final do século 15 era muito apreciado pela corte espanhola. À medida que outros países europeus, como Itália e França, chegaram à América Central, eles também passaram a conhecer o cacau e levaram o chocolate de volta a seus países.

Pouco a pouco, a mania do chocolate espalhou-se pelo continente. Entretanto, como os europeus não gostaram muito da receita tradicional da bebida amarga, eles passaram a fazer suas próprias variedades de chocolate quente com açúcar de cana, canela e outras especiarias. Logo, casas de chocolate surgiram em Londres, Amsterdã e outras cidades europeias. 

Em 1828, o químico holandês Coenraad Johannes van Houten descobriu uma maneira de processar os grãos de cacau com sais alcalinos para fazer um chocolate em pó que fosse mais fácil de misturar com água. Durante a primeira metade do século 19, o chocolate ainda era apreciado como bebida, à qual era adicionado leite em vez de água. 

Em 1847, a chocolateria britânica J.S. Fry & Sons criou uma barra de chocolate moldada a partir de uma pasta feita de açúcar, licor de chocolate e manteiga de cacau. Mas foi o chocolatier suíço Daniel Peter, em 1876, que adicionou leite em pó desidratado ao chocolate para criar o chocolate ao leite. Alguns anos depois, ele e seu amigo Henri Nestlé criaram a Nestlé Company.

Ainda assim, o chocolate era duro e difícil de mastigar. Foi então que em 1879, outro chocolatier suíço, Rudolf Lindt, inventou uma máquina de concha, que misturava e gaseificava o chocolate, combinando-o com outros ingredientes e propiciando uma consistência macia que derretia na boca.

A partir do final do século 19, empresas familiares de chocolate como Cadbury, Mars, Nestlé e Hershey estavam produzindo uma grande variedade de confeitos de chocolate para atender à crescente demanda por doces. Hoje, há uma infinidade de chocolates altamente refinados, outros nem tanto, e muitos produzidos em massa. Alguns chocolatiers seguem fazendo suas criações artesanais, com ingredientes muito puros e certamente há chocolates e “chocolates”, com diferentes químicas e diferentes efeitos. 

O chocolate e a química da Felicidade

Em vários filmes de comédia dramática, a cena posterior ao rompimento de uma relação amorosa retrata um personagem deprimido, devorando chocolate em barra ou em forma de sorvete, como uma maneira de compensação ou um remédio para um coração partido. Embora clichê, a cena faz sentido, pois o chocolate (amargo) ajuda as pessoas a se sentirem melhor.

Foto: Bhupendra Singh/Unsplash

Por outro lado, é aceito na maioria das sociedades e culturas que o chocolate é algo bom de comer e faz você se sentir melhor em situações ruins. Essa mentalidade pode criar emoções felizes em nossa mente quando comemos alguns pedaços de chocolate. Se estamos comendo chocolate então devemos estar nos sentindo melhor, porque é isso que todos dizem que deve acontecer. 

Na realidade, e sob o ponto de vista químico e fisiológico, um pouco de chocolate amargo (ou escuro) pode realmente deixar você mais feliz, ainda que a palavra-chave aqui seja “pouco”. O chocolate escuro pode conter de 45 a 50% de sólidos de cacau e pesquisas sugerem que os maiores benefícios vêm de chocolates mais escuros ainda, contendo acima de 60% de cacau.

O chocolate escuro é mais benéfico para a saúde porque, claro, tem maior conteúdo de cacau e fornece altas concentrações de antioxidantes chamados flavonoides, que previnem câncer, protegem os vasos sanguíneos, promovem a saúde cardíaca e neutralizam a pressão alta.

O chocolate, e especificamente o amargo, contém ingredientes psicoativos associados a substâncias químicas que ajudam a melhorar o humor e o bem-estar. Uma delas é a feniletilamina, um antidepressivo natural, que se combina com a dopamina e promove sentimentos de atração, excitação e mesmo de nervosismo. É uma das substâncias químicas que o cérebro produz quando nos apaixonamos.  

Foto: David Greenwood-Haigh/Pixabay

Outra substância é o triptofano, um aminoácido presente em pequenas quantidades no chocolate e que está ligado à produção de serotonina, um neurotransmissor que produz sensação de Felicidade.

Há ainda substâncias que também contribuem para os efeitos benéficos do chocolate, como a teobromina, um estimulante pouco potente, mas que aumenta a frequência cardíaca e que atua junto com a cafeína (a substância do despertar) para produzir a sensação de euforia. Ou seja, em linguagem não científica, comer chocolate amargo pode realmente fazer você se sentir mais feliz. Mas não é “só” isso. 

Quer saber mais? Continuaremos falando sobre chocolate e Felicidade no próximo artigo. Enquanto isso, acompanhe nossas postagens no Instagram.

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