Henry van Dyke
O tempo é muito lento para quem espera,
muito rápido para quem teme,
muito longo para quem sofre,
muito curto para quem se alegra,
mas para quem ama,
o tempo é a eternidade.

“Os dias deveriam ter mais do que 24 horas!” Seguidamente ouvimos esta expressão, que traduz a ideia ou o sentimento de que há muitas coisas para fazer, mas elas não cabem no tempo de um dia. Precisamos de mais.
Contudo, ainda que nos guiemos pelas horas, não se trata necessariamente da quantidade objetiva de tempo disponível, mas, sim, da sensação subjetiva de se sentir oprimido pelo tempo ou da forma como nos relacionamos com ele. E isso tem um impacto sobre nossa Felicidade.
Neste artigo analisamos como as pessoas se relacionam com o tempo em sua busca pela Felicidade e, por outro lado, como essa busca influencia as percepções de disponibilidade de tempo. E a constatação é simples: não precisamos de mais horas num dia, mas apenas administrar melhor o que queremos fazer em cada dia.
Mais tempo para ser feliz
Todos nós queremos e buscamos ser felizes. A Felicidade é, portanto, algo positivo, desejado e, como tal, pode ser vista como um objetivo a ser perseguido. No entanto, buscar ativamente a Felicidade pode gerar custos significativos. Um desses custos é a sensação de escassez de tempo. Precisamos dedicar tempo para sermos felizes.
Com a pandemia do Coronavírus, os significados e a interpretação das pessoas sobre a dimensão temporal se alteraram. A redução da mobilidade em decorrência das recomendações sanitárias e a liberdade de circulação restrita a espaços menores tornaram a percepção da falta de tempo ainda mais brutal.

O sentimento de escassez de tempo acaba tendo efeitos negativos no bem-estar das pessoas, nos níveis de Felicidade e de satisfação com a vida. É como uma sensação de opressão com tanta coisa para fazer, como se estivéssemos lutando contra o tempo opressor. Será isso mesmo?
Na realidade, os efeitos múltiplos da pandemia ampliaram os esforços das pessoas pela sobrevivência, muitas delas dedicando-se a mais de uma atividade profissional, deslocando-se em longas distâncias entre sua casa e seu local de trabalho, ou mesmo buscando um novo emprego, pois perderam o seu.
Certamente tal condição se traduz em níveis aumentados de estresse no cotidiano, em aspectos da vida que, a priori, não deveriam ser estressantes. Entretanto, se é fato que o estresse do tempo afeta os níveis de Felicidade, também é claro que não é o tempo que nos oprime, mas a forma como nos relacionamos com ele. A maneira como usamos o tempo em nossas vidas é determinante para nosso equilíbrio e Felicidade.
Administrando melhor o tempo
É cada vez mais difícil separar trabalho e vida pessoal. Em um mundo no qual o home office passou a ser o padrão, muitas pessoas estão trabalhando mais horas para compensar o fato de desfrutarem de menos interações sociais.
Dispomos de menos tempo para o lazer, buscando atender a necessidades cotidianas de uma forma mais intensa em relação a períodos pré-pandemia. Estamos cozinhando mais em casa, envolvendo-se mais com cuidados infantis e com trabalhos domésticos. Isso sem reduzir a carga de trabalho decorrente do home office. Então, como fazer para aproveitar melhor o tempo?

A sensação de abundância de tempo é condição para a Felicidade, mas o tempo disponível não pode estar associado à ociosidade, pois tende a gerar estados psicológicos negativos. Ou seja, ter tempo insuficiente não é bom, mas ter tempo demais pode ser igualmente ruim.
Ao longo de nossas 24 horas diárias nós dedicamos muito tempo a nossos smartphones, mídias sociais e chats que, na realidade, não são tão positivos quanto poderiam (ou parecem) ser. A questão de administrar melhor o tempo disponível envolve pensar nas horas que eventualmente desperdiçamos em um dia, em uma semana e procurar substituí-las por atividades mais positivas e que nos tragam Felicidade.
Isso parece simples e intuitivo, mas é importante planejar e estabelecer intenções de como aproveitar as pequenas “janelas de tempo” que surgem e desaparecem ao longo de um dia. Afinal, grande parte da redução do estresse ocasionado pelo tempo está em minimizar a sensação de conflito entre as (tantas) coisas a fazer e o tempo disponível.
Portanto, reduzir o estresse do tempo significa minimizar a sensação de conflito de metas. Precisamos nos “reprogramar” para nos relacionarmos melhor com o tempo. É fundamental se questionar:
“Se eu pudesse construir o dia ideal de 24 horas, como ele seria? Como seria a semana ideal?”
O tempo cronológico e a Felicidade
O tempo vivido, ou mais especificamente a quantidade de tempo que as pessoas sentem que ainda têm na vida, influencia a forma como as pessoas experimentam a Felicidade e os tipos de experiências que geram maior Felicidade.
Quando um jovem de 20 anos diz: “eu me sinto feliz” ou quando uma pessoa de 60 anos diz exatamente a mesma coisa, ambos provavelmente estão sentindo coisas diferentes. Ou seja, a idade influencia o modo como as pessoas vivenciam a Felicidade, sugerindo duas formas de Felicidade: uma associada ao sentimento de excitação e outra associada à sensação de calma.
Além disso, a idade tem um impacto sobre a Felicidade experimentada a partir de experiências extraordinárias vividas, como a formatura, o casamento ou férias incríveis. Entre os jovens, que têm uma percepção de maior tempo de vida à frente, as experiências extraordinárias tendem a impactar mais nos níveis de Felicidade.

À medida que o tempo passa, no entanto, experiências comuns do dia-a-dia tendem a produzir níveis mais elevados de Felicidade. Ou seja, o tempo nos ajuda a sentir e a desfrutar de Felicidade tanto com experiências extraordinárias quanto com experiências comuns.
O que é certo é que nossa Felicidade é impactada diretamente pela forma como usamos nosso tempo. Sejam com experiências extraordinárias ou comuns, elas têm de ser gratificantes. Não temos que lutar contra o tempo, afinal como diz a frase clichê: “o tempo é nosso aliado”.
Felicidade, seus diversos olhares e dimensões são temas que merecem reflexão, ser debatidos e compartilhados. Para saber mais, acompanhe nossos conteúdos no Blog e no Instagram.
6 respostas para “O tempo e a Felicidade”
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