Como está a Felicidade no mundo?

Foto: Alin Andersen/Unsplash

Especialmente nos últimos anos o mundo vem vivenciando tempos estranhos. Pandemia, ameaças às democracias em diferentes países, crise econômica, crise ambiental, pós-pandemia, guerra. Mas em nenhum momento a Felicidade e o desejo de Felicidade perderam a importância.

Muito pelo contrário, esses tristes eventos fizeram com que muitos reavaliassem suas vidas e adotassem práticas em busca de um maior bem-estar, não apenas próprio como de outros. 

E é isso que mostra o Relatório Mundial da Felicidade (World Happiness Report – WHR). Em 2022 ele alcança sua 10ª edição e traz dados e revelações sobre nível de satisfação com a vida, emoções negativas e redes sociais, fatores biológicos e benevolência.  E traz também confirmações.

Mais uma vez, os nórdicos

Na edição 2022 do WHR, que celebra os 10 anos do relatório, as posições não mudaram quase nada. Os países europeus, especialmente do norte do continente, seguem com os níveis mais elevados de Felicidade no planeta. 

Foto: K8/Unsplash

Finlândia e Dinamarca seguem ocupando as duas primeiras posições, assim como na edição anterior. Por outro lado, o Brasil vem perdendo posições nos últimos três anos, com índice de Felicidade em queda.

Talvez pelos inúmeros problemas que o Brasil tem enfrentado nos últimos anos, o país, comparativamente, se distancia mais dos três primeiros a cada edição do WHR. 

Percentualmente, a variação do nível de Felicidade dos brasileiros desde 2020 é quatro vezes maior do que a média dos três primeiros países. Só que, no nosso caso, uma variação negativa.

Veja tabela com os 15 primeiros colocados e o Brasil:

País202220212020
PosiçãoPontosPosiçãoPontosPosiçãoPontos
Finlândia782178427809
Dinamarca763676207646
Islândia755775547504
Suíça751275717560
Holanda741574647449
Luxemburgo7404732410º7238
Suécia738473637353
Noruega736573927488
Israel736412º715714º7129
Nova Zelândia10º720072777300
Áustria11º716310º72687294
Austrália12º716211º718312º7223
Irlanda13º704115º708516º7094
Alemanha14º703413º715517º7076
Canadá15º702514º710311º7232
BRASIL38º629335º633032º6376
Fonte: https://worldhappiness.report/

Agora veja um comparativo de desempenho no ranking mundial de Felicidade entre os primeiros colocados nos últimos três anos (Finlândia e Dinamarca) e o Brasil:

Desvendando o WHR 2022

O ranking da Felicidade no mundo é baseado no nível de satisfação média com a vida, avaliado em mais de 150 países a partir de 7 fatores:

  • Distopia
  • Percepção de corrupção
  • Generosidade
  • Liberdade para fazer escolhas
  • Expectativa de vida saudável
  • Suporte social
  • PIB per capita

Nos últimos dez anos, as avaliações de satisfação com a vida subiram mais de um ponto completo na escala de 0 a 10 em 15 países e caiu nesse valor ou mais em ourtros 8 países.

O relatório de 2022 analisa dados de pesquisas dos três últimos anos, sendo que, em média, cada país participante tem cerca de mil pessoas entrevistadas anualmente, o que geraria o total de 3 mil entrevistados por país.

É claro que há uma variação no número e nem todos os países tiveram medições de satisfação de vida em cada ano, o que faz com que o número total de entrevistados seja menor.

Embora não estejam entre os indicadores avaliados, o relatório faz menção a outras métricas de bem-estar e aponta três países cujos governos monitoram, priorizam e formulam políticas com base nesses índices: Butão, Reino Unido e Nova Zelândia.

Aliás, já é o terceiro ano seguido que a Nova Zelândia prioriza um orçamento voltado ao bem-estar e você pode ler sobre isso aqui no blog.

O papel das emoções positivas e negativas

Além de avaliar o nível de satisfação com a vida, o WRH leva também em consideração emoções positivas e emoções negativas, especialmente para identificar como a Covid-19 alterou os diferentes aspectos da vida.

Para medir o afeto positivo são levadas em consideração respostas sobre três emoções vividas: 

  • Riso
  • Alegria 
  • Aprender ou fazer algo diferente.

Já para avaliar o afeto negativo, as emoções consideradas são: 

  • Preocupação
  • Tristeza 
  • Raiva

As emoções positivas mostraram-se duas vezes mais frequentes do que as emoções negativas. Ou seja, os participantes experienciaram duas das três situações avaliadas (riso, alegria e algo novo) no dia anterior à entrevista.  

Durante apresentação do WHR, um de seus autores e editores, John Helliwell, destacou que enquanto em 2020 houve um aumento de tristeza, estresse e preocupação, a nova edição do relatório mostra que em 2021 esses níveis caíram.

E não apenas isso, mas mostra também que atitudes de benevolência e generosidade cresceram, que é o que veremos a seguir.

Benevolência e generosidade em destaque 

Foto: Hannah Busing/Unsplash

Um aspecto notável destacado na edição 2022 do WHR é o aumento global da benevolência e da generosidade em 2021, demonstrando a disposição das pessoas para estender a mão e ajudar uns aos outros, especialmente em momentos de necessidade pelos quais passam o planeta nos dois últimos anos. 

Em todas as regiões globais, houve um grande aumento na proporção de pessoas que doam dinheiro para caridade, ajudam estranhos e realizam trabalho voluntário em diferentes localidades.

De forma ampla, a média global dessas três ações aumentou 25% em comparação com antes da pandemia da Covid-19.

Como disse John Helliwell durante apresentação do relatório: “a pandemia revelou o pior em algumas pessoas, mas trouxe o melhor na grande maioria.”

E toda essa generosidade teve um impacto notável na avaliação de vida tanto de doadores, quanto de receptores e observadores, que sentiram gratidão ao ver suas comunidades prontas para ajudar quem precisa em um momento de necessidade.

Outra descoberta destacada no relatório WHR 2022 foi a de que nos países em que as pessoas efetivamente confiam em seus governos e na bondade umas nas outras, os níveis de Felicidade são superiores antes, durante e depois da pandemia. Esses países apresentaram taxas inferiores de óbitos por Covid-19 e se mostram mais preparados para a reconstrução de um propósito comum para uma vida mais feliz, saudável e sustentável.

Ao todo, o relatório mostra que a média global dos níveis de Felicidade, benevolência e confiança aumentou em 1/4 em 2021 em comparação aos níveis anteriores da pandemia.

As redes sociais

Um aspecto interessante destacado na edição 2022 do WHR está relacionado às redes sociais. Por meio delas, milhões de pessoas compartilham seus pensamentos e sentimentos diariamente, foram usadas para capturar emoções durante a pandemia.

Dados relativos a 18 países mostraram que houve um aumento em sentimentos de ansiedade e de tristeza, ao mesmo tempo em que houve uma queda em sentimentos de raiva.

Em contraste a esses sentimentos negativos, expressões de emoções positivas se mantiveram estáveis nas redes sociais. Enquanto que medidas de combate à Covid-19 eram implementadas, o nível de ansiedade identificado nos tweets reduziu, sugerindo que as pessoas se acostumaram com o “novo normal” ou se sentiram mais seguras pelas ações de seus governos.

Se você tem interesse em saber sobre a relação das redes sociais, pode ler dois artigos no Blog: aqui e aqui.

Aspectos biológicos da Felicidade no WHR 2022

A mais recente edição do relatório também avaliou aspectos biológicos, revelando que de 30 a 40% das diferenças nos níveis de Felicidade entre pessoas de um mesmo país podem ser explicadas por fatores genéticos. Os outros 60 ou 70% são resultados de influências ambientais.

Foto: ANIRUDH/Unsplash

De fato os genes e o ambiente geralmente estão correlacionados, já que os primeiros podem afetar a escolha do ambiente pelas pessoas. Ao mesmo tempo, podem influenciar como as pessoas são afetadas pelo mundo ao seu redor.

Algumas pessoas nascem com um conjunto de variantes genéticas que facilitam a sensação de Felicidade. Aliás, temos um artigo aqui no Blog sobre características individuais que influenciam a Felicidade.

Outros processos biológicos do corpo humano exercem papel importante para explicar as diferenças individuais de Felicidade e bem-estar entre as pessoas. Por exemplo, níveis mais elevados de serotonina (neurotransmissor responsável por promover a sensação de prazer e de bem-estar) e mais baixo de cortisol (hormônio do estresse).

Saiba mais sobre os neurotransmissores da Felicidade aqui no blog e em inúmeros posts no Instagram.

World Happiness Report 2022

Há quase 10 anos, em 02 de abril de 2012, a ONU realizou uma reunião para a qual governos nacionais foram convidados a “dar mais importância à Felicidade e ao bem-estar como meios de alcançar e medir o desenvolvimento social e econômico”.

Nascia a primeira edição do World Happiness Report (WHR), que foi preparada para apoiar essa reunião, revisando evidências da então emergente ciência da Felicidade.

Foto: Alexas_Fotos/Unsplash

Desde então, a produção do WHR é apoiada pela Rede de Soluções de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (SDSN-UN) e pelo Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Columbia (EUA). 

Os relatórios são baseados em uma ampla variedade de dados e a principal fonte é a Gallup World Poll, que permite o alcance e a comparabilidade de uma série global de pesquisas anuais.

A leitura do WHR pode nos atrair para querer saber a posição de nosso país e dos demais, mas ela vai além, pois logo ficamos curiosos sobre detalhes da vida e da Felicidade em tantos outros países.

O relatório completo da edição 2022 do World Happiness Report pode ser obtido no site oficial.

Quer saber mais sobre os diferentes aspectos da Felicidade, conhecer o segredo de alguns países e compreender sobre atitudes e práticas positivas para aplicar no seu dia a dia? Acompanhe nossos conteúdos aqui no Blog e no Instagram. E você ainda pode fazer sua leitura com uma trilha sonora especial do Pausa pra Felicidade no Spotify.

3 respostas para “Como está a Felicidade no mundo?”

Os comentários estão fechados.

%d blogueiros gostam disto: