Empatia: a Felicidade do outro também é minha

Se você quer que os outros sejam felizes, pratique a compaixão.
Se você quer ser feliz, pratique compaixão.

Dalai Lama

Foto: Duncan Shaffer/Unsplash

Estamos vivendo um tempo de disputa política no Brasil que não encontra similaridade em outras eleições. Pelo menos até onde nossa memória de vida alcança. 

O que se vê, a cada dia, é a agudização de duas visões político-partidárias irreconciliáveis, que se apropriaram do significado de cores, de ideias e de pretensos ideais e que vêm produzindo fissuras no tecido social, em comunidades, em organizações e mesmo em famílias

As pessoas não debatem, mas discutem; não argumentam; mas ofendem; não negociam; mas dividem, criando mágoas que abalam afetos, conexões e relacionamentos. Um comportamento egoísta que não vê o outro, a não ser que ele pense como eu. 

Um comportamento que deixa marcas e rótulos em pessoas, de ambos os lados, e que, mesmo passado o “tsunami” político, lhes poderá ser difícil recompor. O que impacta negativamente na Felicidade de todos.

Não é disso que precisamos para ser feliz, mas de altruísmo e de empatia. 

Não temos que concordar com as ideias do outro, sejam elas políticas ou não, mas precisamos compreendê-las e respeitá-las. Assim como não temos que aceitar a pobreza do outro, mas ajudar. Da mesma forma que não temos que concordar com o sofrimento do outro, mas auxiliar. 

Foto: Dio Hasbi Saniskoro/Pexels.com

Não se trata de mim ou do outro, mas de nós. De uma convivência plena, próspera e feliz. Buscar conhecer e interessar-se pelo outro faz, pelo menos, duas pessoas felizes. 

Afinal, uma frase publicada em 1624 deve ecoar em nossas mentes: ninguém é uma ilha. E certamente nenhuma ilha resistiria intacta a um tsunami. 

Neste artigo nós exploramos um elemento essencial para uma convivência feliz: a empatia. O “colocar-se no lugar do outro e procurar compreendê-lo”. 

Mas por que isso é importante para a Felicidade? Quais são os tipos de empatia? Como desenvolver um comportamento de mais empatia? Reflexões sobre estas e outras questões são tratadas a seguir, evidentemente que com uma visão empática de quem está lendo.

Mais empatia, menos egoísmo 

A palavra egoísmo vem do francês égoïsme e revela um apego excessivo a si mesmo e aos próprios interesses, desconsiderando os interesses dos outros, a não ser, é claro, que eles façam parte do “meu” grupo. 

Empatia, por seu lado, é geralmente definida como a capacidade de sentir as emoções de outras pessoas, juntamente com a capacidade de imaginar o que a outra pessoa pode estar pensando ou sentindo. 

Ter empatia revela nossa capacidade de nos colocarmos na posição de outra pessoa para buscar sentir o que ela está vivenciando. Podemos olhar para a empatia como o poder de entender os outros, um atributo humano fundamental para a vida em sociedade. 

Cada um de nós tem, evidentemente, uma personalidade única, o que nos torna diferentes. Vivemos em nossas próprias realidades, que são definidas por nossos sentidos e por nossas experiências. Entretanto, em sociedade, todos temos muito em comum e estamos conectados de várias maneiras. 

Como somos seres sociais, é de extrema importância para nosso desenvolvimento pessoal vivenciar a realidade de outras pessoas. Nossa capacidade de comunicar e entender nosso estado emocional e o do outro é essencial para relacionamentos saudáveis e perenes. 

Quando estamos reunidos com outras pessoas (e nós vivemos coletivamente), a empatia parece ser “contagiosa” gerando comportamentos mais altruístas. Em função disso, e por fazer com que nos vejamos no lugar do outro, a empatia tende a reduzir situações envolvendo preconceitos e racismo, combatendo desigualdades. 

Foto: Josh Calabrese/Unsplash

Essa capacidade de “contagiar” da empatia propicia compreender a perspectiva do outro, nos encorajando a estender a mão e a querer ajudar pessoas que não fazem parte de nosso grupo social, mas que pertencem a grupos estigmatizados, como pobres, necessitados e desajustados. 

Em relacionamentos bem-sucedidos a empatia mostra-se um ingrediente-chave porque ajuda a entender melhor diferentes perspectivas, necessidades e intenções do outro. Entre casais, ela permite entender as emoções do(a) parceiro(a), aprofundando a intimidade e aumentando a satisfação no relacionamento, além de ser fundamental para a resolução de eventuais ou potenciais conflitos. 

Até mesmo em relação à saúde a empatia é benéfica. Estudos mostraram que pacientes de médicos que demonstram empatia desfrutam de uma saúde melhor, melhorando a satisfação do paciente e o bem-estar emocional dos próprios médicos.

Portanto, ter empatia faz bem para a saúde física e mental, minha e do outro. 

Empatia ou simpatia?

Muitas vezes empatia e simpatia são confundidas. Ambas são atitudes positivas para uma convivência plena e feliz e que humanizam as pessoas e suas relações. 

Como já vimos, a empatia é a capacidade de entender os pensamentos e sentimentos de outra pessoa desde o ponto de vista dela e não do nosso. Difere da simpatia, onde alguém se sensibiliza pelos pensamentos e sentimentos do outro, mas mantém uma distância emocional.

Em uma explicação metafórica, simpatia seria como ver uma pessoa em um buraco fundo, mas permanecer em um local mais alto e falar com ela desde uma posição de cima. Por outro lado, a empatia é sentir junto com a pessoa, é descer o buraco para se sentar ao lado dela, buscando se conectar emocional e sinceramente com ela. 

Ter empatia é, portanto, reconhecer a luta do outro para sair do buraco, sem minimizá-la. 

Como colocar-se no lugar do outro?

Podemos demonstrar empatia para as pessoas de três formas: cognitiva, emocional e compassiva. 

Empatia cognitiva 

A empatia cognitiva envolve um estado de consciência. É saber (e procurar saber) como a outra pessoa se sente e o que ela pode estar pensando. 

Mesmo assim, mesmo que tenhamos consciência acerca das dores ou dificuldades de um amigo ou outra pessoa, ainda estaremos distantes. 

Empatia emocional

Para realmente nos conectarmos ao outro precisamos compartilhar sentimentos, em um estado de empatia emocional. Ou seja, quando nos colocamos emocionalmente junto à outra pessoa, compartilhando suas emoções.

No caso da empatia emocional a situação em si não precisa ser idêntica, já que cada pessoa é diferente. O importante é que as emoções resultantes da situação sejam compartilhadas. Além de ter consciência de uma situação, é sentir junto.

Empatia compassiva

As empatias cognitiva e emocional estão na base da empatia compassiva, quando não apenas entendemos a situação de uma pessoa e sentimos com ela, mas somos espontaneamente movidos a agir e a ajudar. 

Mais do que sentir, passamos a ser resolutivos.

A empatia é, portanto, uma escolha consciente que temos que fazer e quanto mais a praticamos, mais intuitiva ela se torna. 

Entretanto, em nossa vida acelerada, muitas vezes não reservamos momentos para nos conectarmos com os outros. É preciso, então, cultivar esses momentos. 

Como cultivar a empatia?

Foto: Belinda Fewings/Unsplash

Felizmente, a empatia é uma habilidade que podemos aprender e melhorar com atitudes específicas e positivas, que nos ajudam muito:

  • Praticar a escuta ativa: expressar real interesse pelo que a outra pessoa tem a dizer e fazer com que ela se sinta ouvida, ouvir sem interromper
  • Expressar-se por meio da linguagem corporal: a empatia é expressa não só pelo que dizemos, mas por nossas expressões faciais, gestos, tom de voz e pelo contato visual (ou a falta dele), nosso corpo fala
  • Não tirar conclusões precipitadas sobre os outros: não julgar, afinal não há como cultivar a empatia quando assumimos que quando uma pessoa sofre ela está, de alguma forma, recebendo o que merece, mesmo que não concordemos, temos que procurar entendê-la
  • Compartilhar identidades: pensar em uma pessoa que parece ser muito diferente da gente e, depois, listar o que temos em comum
  • Estar atento ao nosso entorno: especialmente em relação aos comportamentos e às expressões das pessoas, praticar a atenção plena, como já falamos em outros artigos aqui no Blog, nos ajuda a compreender as diferentes perspectivas de outras pessoas

Para cultivar a empatia é essencial, sobretudo, assumir uma postura positiva e praticar a generosidade. Quando exercemos a empatia nós fazemos alguém feliz. E, certamente, também somos mais felizes. 

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