Vamos ser felizes, mesmo com ideias divergentes 

As pessoas tomam caminhos diferentes
em busca de realização e Felicidade.
Só porque elas não estão no seu caminho
não significa que se perderam

Dalai Lama
Foto: RODNAE Productions/Pexels.com

Após as eleições presidenciais no Brasil, a imprensa nacional destacou notícias acerca dos efeitos danosos de convicções políticas sobre relacionamentos pessoais e mesmo familiares. Mídias de massa repercutiram casos de agressões verbais, racismo e xenofobia entre jovens, cujo pano de fundo está centrado em visões ideológicas e políticas divergentes. Relações pessoais que ficaram abaladas por conta de… eleições!! 

Foto: Gabriel Dalton/Unsplash

Pois a eleição mais acirrada e polarizada da história da democracia brasileira parece ter dividido um país, distanciado amigos e rompido laços afetivos. Fatos que, sem dúvida, afetam os níveis de Felicidade das pessoas. De ambos os lados.

Mas será que tem que ser assim? Será que não tem como ser feliz na divergência? Será que Aristóteles estava errado? 

Neste artigo, nós ressaltamos aspectos essenciais à Felicidade humana, alguns já abordados em outros textos aqui no Blog.

E seguimos com nossas convicções: (1) focar no que nos faz felizes, (2) serenidade, equilíbrio e respeito são essenciais à Felicidade e, sim, (3) Aristóteles estava certo.

A divergência que leva ao isolamento e nos faz menos felizes

Ao longo da campanha às eleições presidenciais de 2022 no Brasil, diferentes plataformas de mídias sociais foram utilizadas para compartilhar mensagens acerca de um país que se tornaria, inevitavelmente, ou comunista, ou fascista. Ou ruim, ou bom. Sem meio termo.

A despeito do conteúdo das mensagens, muita gente acreditou plenamente no que elas diziam, muitas vezes abandonando um nível mínimo e saudável de senso crítico e independência intelectual.

Foto: Joshua Miranda/Pexels.com

As pessoas passaram a não se perguntar se aquilo era verdade, simplesmente aceitando-a como tal. Uma “verdade” que, a elas, lhes fez mal e, em muitos casos, as afastou dos outros e de si mesmas.

“Verdades” que produziram conflitos, ocasionados por ausência de entendimento, de empatia e que geraram conclusões erradas. Dessas conclusões emergiram discussões acirradas, mágoas e ressentimentos. 

É normal uma pessoa ter sua opinião e discordar de outra. Afinal, conflitos ocasionais fazem parte da vida. Eles podem acontecer quando as pessoas têm opiniões ou crenças diferentes que se chocam. No entanto, é difícil sentir-se feliz quando guardamos mágoas e ressentimentos

Foto: Aarón Blanco Tejedor/Unsplash

Além disso, alimentar um estado de conflito contínuo é estressante e prejudicial para a saúde mental e para os relacionamentos. Por isso, é importante buscar o meio termo, o equilíbrio, mesmo quando as divergências existem.

Convicções políticas e ideologias não são mais importantes do que nossa Felicidade. Ideias não são mais importantes do que as pessoas que nos amam e que nos acompanham nessa jornada chamada vida. 

Família, amigos, afetos… Como eles podem estar em um segundo plano em função de divergências políticas?

Divergência não significa conflito

É importante tentar comunicar-se de uma maneira mais positiva, mesmo quando expressamos nossas convicções mais fervorosas. É melhor concordar que discorda do que discordar. A diferença está nas emoções ou desequilíbrios que afloram quando existem divergências.

Nós, seres humanos, via de regra, tendemos a acreditar (erroneamente) que as coisas estão piorando. Parece haver um viés natural em relação a más notícias. Se olharmos sob a perspectiva da sobrevivência, até faria sentido, afinal coisas boas são agradáveis, coisas ruins podem ser mortais, por isso estaremos sempre preparados. 

Frequentemente, contudo, o viés das más notícias nos dá uma imagem altamente imprecisa do mundo, ainda mais quando se trata de fake news. Sempre haverá muito com o que nos preocuparmos, mas o mundo geralmente está melhorando

Por exemplo, até o início da pandemia, robustas e abrangentes evidências de progresso apontavam que em 167 países (99,4% da população mundial) inúmeros indicadores sociais e econômicos de bem-estar foram positivos entre os anos de 2009 e 2019. 

Certamente ainda há muito trabalho a ser feito, mas as boas notícias devem ganhar mais espaço em nossos pensamentos, já que as más notícias têm um efeito nocivo pois não apenas prendem nossa atenção, mas também nos desmobilizam. 

Ler muito sobre política pode afetar nosso bem-estar pessoal

Quando as más notícias têm um forte conteúdo político (como vivenciamos em 2022 no Brasil) elas tendem a nos afetar ainda mais, pois estão atreladas ao nosso futuro. Ou à ausência dele, como as fake news querem nos fazer crer. 

Foto: Tim Gouw/Unsplash

A obsessão por política pode prejudicar nossa Felicidade e nossos relacionamentos e as pessoas sofrem com o apego a pontos de vista

Por exemplo, à medida que a campanha das eleições no Brasil avançou para o segundo turno, muitas pessoas apegaram-se de tal forma a suas opiniões e crenças políticas como se fossem as economias de sua vida. 

Muitas ficaram obcecadas com suas crenças como avarentos solitários prontos para atacar raivosamente quando se sentiam ameaçados. E por que razão? Em nome de alguma teoria da conspiração? De esquerda? De direita? 

Acreditar em teorias da conspiração nos torna mais propensos a erros cognitivos. Tais teorias ganham espaço quando nos tornamos vulneráveis por nossas opiniões que não se sustentam, pela ausência de senso crítico e por não exercermos nossa capacidade intelectual. 

Foto: Gift Habeshaw/Unsplash

A ideação conspiratória é geralmente uma forma de pensamento equivocado de pessoas que carecem de confiança interpessoal, sofrem de insegurança em relação ao emprego e têm altos níveis de “anomia” (a crença de que a vida para a pessoa comum está piorando, de que é injusto trazer uma criança para o mundo de hoje)

Em outras palavras, os teóricos da conspiração são pessimistas sobre o futuro, negativos sobre os outros e sentem-se vitimizados. Isso não combina com a Felicidade que todas as pessoas buscam, sejam elas otimistas ou pessimistas. 

Então, vamos dar mais chance ao otimismo e não ao pessimismo, porque embora alguns possam pensar o contrário, o mundo não vai acabar, a Terra não é plana, a ciência nos ajuda a evoluir e a religião nos reconforta. 

E tudo isso nos faz felizes, até porque Aristóteles estava certo quando afirmou que o maior objetivo da existência humana é ser feliz.

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