“Que calor terrível temos! Isso me mantém
Jane Austen
em um estado contínuo de deselegância”

Os dias do mês de janeiro parecem custar mais a passar, especialmente no hemisfério Sul, onde, desde os dias que antecederam o Natal, as temperaturas têm sido muito elevadas.
Para quem não está de férias nesse período, as semanas parecem demorar mais ainda. Ter que trabalhar ou realizar atividades em dias muito quentes e abafados não é algo muito prazeroso.
Em dias assim, nossa disposição, energia e produtividade estão reduzidas, e esse não é o único efeito negativo do calor excessivo. O clima, longe de ser apenas um tópico de conversa ou de debate, tem efeitos sobre todos os tipos de comportamento.
Mas, afinal, o que nos faz mais felizes: o frio ou o calor? Será que somos menos felizes em dia muito quentes?
Neste artigo nós analisamos a relação entre Felicidade e calor e os efeitos que dias com temperaturas muito elevadas têm sobre nosso comportamento.
A Felicidade e o clima
As condições climáticas exercem um efeito importante sobre o bem-estar subjetivo das pessoas, que pode ser ainda mais significativo em função dos níveis de umidade do ambiente.

O clima pode exercer efeitos ainda mais intensos em algumas pessoas. Por exemplo, quando chegam os dias mais curtos do outono, seguidos de dias de inverno com menos horas de luz solar, algumas pessoas podem se sentir mais melancólicas ou um pouco deprimidas.
Isso parece bastante óbvio visto que um dia mais agradável e ensolarado geralmente permite que as pessoas saiam para se exercitar e ter mais contato com a natureza, o que faz com que tenham menos pensamentos negativos e uma atividade cerebral mais saudável.
E, de fato, parece difícil sentir-se infeliz ao sol. Isso se deve à ligação entre os raios de sol e nossos níveis de serotonina, um dos neurotransmissores do Quarteto da Felicidade.

Níveis aumentados de serotonina geralmente levam a maiores sentimentos de satisfação e calma e a níveis mais baixos de depressão e ansiedade.
A exposição regular à luz solar estimula, ainda, a produção de melatonina, hormônio que ajuda a regular o ciclo sono-vigília do corpo. Isso estimula a sensação de sonolência, permitindo que durmamos melhor à noite, o que nos leva a nos sentirmos mais felizes durante o dia.
A melatonina também ajuda a regular nosso ciclo circadiano (o relógio biológico interno do corpo que sinaliza quando estar alerta e quando descansar). Ou seja, o tempo gasto ao sol pode nos ajudar a dormir melhor.
Portanto, mesmo que o clima em si não produza benefícios diretos significativos para os indivíduos, sair de casa em função de um clima mais agradável pode melhorar nossa saúde e o desempenho mental por meio de uma maior conexão com a natureza e de maior atividade física.
Nosso humor em dias muito quentes
É interessante que embora se possa acreditar, a priori, que um clima melhor resulta em um humor melhor, há evidências científicas que demonstram que não é bem assim.
Temperaturas muito elevadas tendem a aumentar os sentimentos negativos nas pessoas, ainda que mais luz solar, como se poderia esperar, tenha um efeito positivo.
O afeto negativo, traduzido por irritabilidade, nervosismo e angústia, tende a aumentar em dias com temperaturas mais quentes.
Um estudo sobre a influência da temperatura na sensação de bem-estar das pessoas revelou um efeito particularmente impressionante. Dias muito quentes (assim como dias muito frios) podem parecer terríveis de ser encarados por algumas pessoas.
E, de fato, os níveis de Felicidade ou de bem-estar subjetivo tendem a diminuir à medida que as temperaturas se elevam acima de 28ºC ou caem abaixo de 10ºC. Essa redução é ainda mais evidente à medida que o clima fica mais quente.
Pessoas que vivem um dia com uma temperatura média (não máxima!) acima de 28ºC e elevada umidade experimentam uma piora no seu humor e no nível de bem-estar similar àquela de um domingo para uma segunda-feira. O que, convenhamos, é um penhasco emocional.
Impactos do calor sobre o comportamento humano
Se o clima pode ter um impacto tão grande sobre nós, certamente há outros fatores que também modulam diferentes comportamentos, como o nível de renda e de educação.
Pessoas com melhores condições de vida, muitas vezes decorrentes de uma melhor educação e melhor nível de renda, tendem a suportar mais facilmente condições de calor ou de frio extremos. O que estaria mais relacionado ao bem-estar objetivo do que propriamente subjetivo.
Mas de uma forma geral, as pessoas parecem suportar melhor o frio. Isso pode ser devido ao fato de que podemos lutar melhor contra o frio do que contra o calor. Quando está muito frio, sempre podemos vestir mais roupas para nos aquecer.
Inversamente, entretanto, quando está calor (muito calor), depois de um certo ponto, tirar a roupa não faz o calor passar. E aí, alguns aparelhos, que condicionam o ar, condicionam também nosso comportamento.
O fato é que ainda que possamos nos adaptar parcialmente, não é tão fácil ser feliz durante seguidos dias muito quentes. Em outras palavras, podemos ser mais tolerantes ao calor no Nordeste do Brasil do que no Sul do país, mas ainda seremos afetados negativamente quando a temperatura e a umidade estiverem elevadas. Durante vários dias seguidos.
Ou seja, o que nos irrita (e não percebemos) pelo atraso de uma consulta ou do nosso transporte, pelo barulho do trânsito ou pelo falatório à nossa volta, pode estar no ar.
No ar quente de um dia escaldante de verão e que está mexendo com nossa psique. Mesmo que o clima não nos influencie completamente, às vezes não há problema em culpar o calor por algum mau humor. Temos é que ter consciência disso.
Não esqueça de se manter hidratado, de passar protetor solar e de fazer uma Pausa pra Felicidade.
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